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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

PROFESSORES INESQUECIVEIS

Não posso dizer que tive um professor inesquecível, tive, na verdade, algumas situações vividas na escola, em função da escola, das quais até hoje me lembro. Não sei precisar qual o momento escolar mais marcante em minha vida. Provavelmente a escola e os anos de escolarização tiveram para mim importâncias iguais.

Minha adolescência, como todas as adolescências, foi o momento de marcos e a escola, com cada professor, fazia parte do universo adolescente.

Nos meus tempos de ginásio, cursávamos o primeiro grau mas, todos os dias, nossos professores nos dizia que éramos “ginasiandos”. Levei um bom tempo para me acostumar com a nomeclatura “primeiro grau”.

A escola era um prédio grande com entradas separadas para alunos e professores. A entrada dos alunos também se fazia separada para as aulas de educação física e as aulas em salas. Havia duas escadas separadas por um pátio que conduziam ao primeiro e segundo andares e cada um dos quatro corredores se dividia entre as séries, de modo que cada uma das séries estava em um corredor distinto.

Um inspetor de alunos fiscalizava o acesso em cada corredor e examinava se vestíamos os uniformes de acordo com as exigências da escola.

Todos os professores eram temidos e não havia um em especial que nos desse a liberdade de questionar quaisquer que fossem, ou sequer fossem, os conteúdos transmitidos.

Alguma coisa em mim causava algum incômodo nos professores daqueles tempos. Uns chegavam a buscar motivos para que eu fosse conduzida à sala da orientação. Lembro da professora de música decretando (e os mandos dela eram como decretos) que a partir daquela data não admitiria a pronuncia de quaisquer palavras com o “R” falado “com influência estrangeira”, com sotaque que lembrasse o francês, alegando que, com essa atitude, ela estaria ensinando a valorização da língua pátria, o “verdadeiro português”. Imediatamente, e eu recém chegada do Rio de Janeiro aos onze anos de idade, me coloquei de pé à direita da carteira com a mão direita levantada, como era o costume da época para pedir permissão para falar. Concedida a permissão, indaguei o porquê do privilégio com a letra “R”, já que a fala portuguesa pronuncia o “L” e o “S” que os brasileiros já não pronunciavam mais. Imediatamente fui conduzida à diretoria e o mando da professora de música foi esquecido.

Lembro do professor de português ensinando sintaxe e solicitando aos alunos algum exemplo de verbo transitivo direto e indireto. Eu, ansiosa em apresentar meu aproveitamento, me ofereci e ouvi daquele professor que ele preferia ouvir “os melhores da sala” antes de ouvir “asneiras” de aluna “arrogante”. Apesar de serem muitos alunos naquela sala, eu, a última a ser ouvida, fui a única que deu um exemplo correto. Aquele professor, incrédulo, pediu mais dois exemplos e eu dei. Estavam corretos, mas em nenhum momento ele se desculpou.

Será que os professores daquela época não tinham qualquer afeto por qualquer aluno?

Nas aulas de educação física, minha melhor adaptação foi com aula de dança e expressão corporal. A professora tinha ensaiado conosco, as meninas do grupo, uma dança em que usaríamos fitas. Seriam vinte minutos de uma coreografia apresentada em homenagem aos professores. Aquela professora exigia perfeição em nossos passos. Nos dizia querer ouvir aplausos espontâneos ao final de nossa apresentação.

Sem que ela soubesse e partindo da iniciativa daquelas meninas, foi justamente ela quem escolhemos homenagear com flores. No momento da entrega de um ramalhete de rosas, ela ouviu aplausos espontâneos e calorosos com o reconhecimento dos alunos, pais e colegas.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO

A Psicologia é uma ciência moderna que estuda o comportamento do homem e de alguns animais e suas relações sociais.

Sobre a palavra “psicologia” é sabido que sua origem vem da junção dos termos “alma” e “estudo”, em grego, e que antes de se tornar uma ciência moderna esteve intimamente ligada a filosofia.

O que me importa agora é falar sobre o significado de “ciência moderna”.

Antes da ciência o homem buscava explicações e compreensão da realidade através do mito ou da religião. O rompimento com o mito surgiu no período denominado pré-socrático quando os primeiros filósofos, desprendendo-se do mito, buscavam explicações com a razão. Assim, durante muitos séculos, a filosofia serviu como fonte de compreensão da realidade. Somente no século XVI surgiu a ciência moderna, quando passou a apresentar um elemento novo no estudo: o método. Sem a presença do método o estudo não poderia ser validado, podendo inclusive ser considerado herético. A ciência passa a ser considerada certa e imutável.

Durante os séculos XVI e XVII Francis Bacon coloca a experiência como método de pesquisa e René Descartes procurava dividir o todo para poder tornar conhecido o todo. Passamos com Bacon e o empirismo ao método indutivo e com Descartes ao método dedutivo.

A visão cartesiana separa mente e matéria e surgem duas correntes filosóficas: os mecanicistas e os racionalistas. Para Descartes, não havia propósito, vida ou espiritualidade na matéria e, nesta visão, a ciência só pode trabalhar com o que pode ser medido, pesado ou quantificado.

Somente no século XIX surgiu o primeiro laboratório de psicologia no mundo, capaz de atender as exigências da ciência, criado por Wilhelm Wundt. A partir de suas pesquisas surgiram investigações quanto a consciência e comportamento. Foram criadas técnicas e aparecem as teorias e, com elas, as chamadas “escolas”, cada uma entendendo à sua maneira a conduta e a personalidade do ser humano.

A Psicologia pode ser dividida em ramos, de acordo com o campo de atividade que será seu objeto de estudo, de acordo com o tipo de investigação ou método adotado e, ainda, com o tipo de aplicação prática.


A Psicologia pode estar focada no estudo dos problemas do comportamento através de arranjos científicos. Descritas as condições do arranjos e o comportamento do indivíduo neste arranjo, obtém-se dados precisos e leis psicológicas sobre percepção, aprendizagem memorização e esquecimento e etc.

Podemos afirmar que a Psicologia é ciência normal.

E o que é “ciência normal”?

A ciência, durante muito tempo deteve o poder de dizer o que era certo ou errado, a única instituição capaz de dar respostas válidas aos questionamentos humanos. A ciência era definitiva e imutável, na idéia geral de muitos. Até surgir, no século XX, um texto sobre o desenvolvimento das ciências naturais, intitulado “A estrutura das revoluções científicas”, livro escrito pelo físico americano Thomas Kuhn, com termos “paradigma” e “ciência normal”, que passaram a ser empregados em outros domínios como nas artes, psicologia, ciências sociais.

“[...]Kuhn divide o conhecimento científico em dois grandes componentes: ciência normal e revolução científica. Durante os períodos de ciência normal, os cientistas concordam acerca dos fundamentos de sua disciplina e o grosso de seus trabalho se dá no sentido de articular esses fundamentos e sua aplicabilidade.[...]”(1)

“[...]O cientista normal, portanto, é aquele que conquistado por um paradigma, empenha-se em aprimorá-lo.[...]”(2)

Das escolas, ou correntes, da Psicologia podemos destacar algumas que puderam dar grandes contribuições à Educação, como o Comportamentismo, Gestaltismo (ou Configuracionismo) e a Psicanálise.

Os sistematizadores, os teóricos, podem ter modos divergentes de observar o objeto de estudo em psicologia, os modos como usam as técnicas de pesquisa e análise, como sintetizam e explicam as causas e finalidades que estão na base da personalidade e, evitando o ecletismo, passam a pertencer a uma corrente ou escola, tomando uma posição comportamentista, gestáltica, psicanalítica, funcionalista ou estruturalista.

O pedagogo trabalha com situações de relacionamento, com ensino e aprendizagem, com memorização e esquecimento. São situações já estudadas, já aparelhadas pela Psicologia. Passa a ser importante conhecer as teorias da Psicologia para que suas ações pedagógicas também se fundamentem nesta ciência sem que, com isso, perca de vista sua função socializadora.

É o pedagogo quem trabalha com projetos educacionais, apresentando ao educando perspectivas novas que o integre como cidadão.

1.- http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141993000300004&script=sci_arttext&tlng=in

2.-http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-25551998000200004