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segunda-feira, 18 de julho de 2005

Não quero esquecer!

Nem esquecer, nem lembrar. Não o tempo todo!
Lembrar seletivamente do que deve ser lembrado. Esquecer na mesma medida. Ato mecânico, sistematizável. Sem nenhuma luta. Sem nenhum conflito interior.
Apenas tomar nota, contar aos filhos, a quem queira ouvir. Fazer registros, para que sejam memoráveis.
Que sejam memoráveis, mas nunca pela aflição daquilo a que se lembra.
Basta-nos saber como as coisas são, como ocorrem, como ocorreram. Os porquês são interpretativos.

Sabemos de movimentos políticos, movimentos civis, de inúmeras ideologias, de valores religiosos, de civilizações que já não imperam. Sabemos porque e como são ou foram.


Sabemos de países pobres, que justamente por sua pobreza, não possuem informação e por não possuírem informação, produzem mortos.

Sabemos que a capacidade imaginativa é deleite a quem sofre e que um corpo é sensível. Tem suas carências. Qualquer elemento que falte ao corpo proporciona sofrimento.

Esquecer é bom, para que haja espaço para que se incluam novas lembranças. E isso deveria ser cíclico. Nunca remédio para sofrimento. Será que se alguém sente fome, esquecendo-se do alimento, a sua fome passa? Então, porque esquecer situações que na verdade são memoráveis? Situações de ditaduras, genocídios, terrorismos, tragédias, epidemias e escravidão, para serem lembradas para sempre. Mas esquecendo o porquê e lembrando o “como”.

De que adianta um país alfabetizado, se poucos entendem para que serve escrever ou ler, se poucos sabem o que deve ou não ser registrado?

Enquanto isso, a vida continua com sua rotina. A política continua como é, a ciência segue como pode, e aqui por perto, alguém comenta que a mega sena está acumulada, outro diz que a novela está despudorada, alguém mais reclama da falta de qualidade das músicas tocadas em rádio...

sexta-feira, 1 de julho de 2005

e se não houvesse governo?

Ainda não nos sentimos governados pelos governantes. Como se, a cada governo, cada cidadão estivesse mais esbulhado ou menos cidadão. Como se a cada eleição fosse constatada uma fraude e a cada fraude uma conspiração.

Os fatos que se tornam públicos, se tornam públicos pelos consultores de sociedade, por aqueles que colocam suas opiniões sobre e ante os fatos, apoiados pela popularidade do “disse me disse”, “quem falou é confiável” e outros chavões que justificam a ausência de prova ou a negação de provas. Neste caso, justiça é abstrair a justeza.

Outro chavão explorado para a manutenção deste sentimento, é sobre o encontro do homem com o poder que lhe venha a ser conferido “foi tomado pela ambição”...

A ambição faz bem. Afinal a ambição é um desejo imenso, ardente, de alcançar algo que nos seja superior, uma aspiração. Da ambição pode nascer a vontade e da vontade, a disposição. Facilmente confundida com a avareza, traço inconfundível de egoísmo, a ambição tem sido tratada como sentimento negativo e se assim fosse possível, alguns chegam a sugerir que o sentimento de “ambição” seja amputado do emocional humano.


Somente a ignorância pode manter esta situação. O único problema é que a ignorância torna o homem muito semelhante aos animais. A ignorância torna o homem mais instintivo, como um recém nascido. O recém nascido, o neném, a criancinha, sabe que seus desejos, só por terem sido desejados, serão atendidos. E sabem que seu choro ou seus gritos será suficiente para que toda a situação seja mudada, ficando em conformidade com o que lhe aprouver. Agindo por instinto, excluí-se a ética, a moral e adota-se a lei do “mais forte” ou a do “quem pode mais chora menos”...

E independente do que sentimos, estamos sendo governados.