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terça-feira, 19 de abril de 2005

Orgulho

Algumas vezes, nos orgulhamos. Pelo que fazemos, pelo que julgamos ser, pelo que julgamos ter. Até quando falamos. Um orgulho simplista de quem tem algo de inédito a dizer sobre algum fato, sobre algum dito de alguém.

Assim, tanto maior a importância do fato, ou daquele que proferiu o dito, maior parece ser o orgulho que sentimos.

Claro que quando superamos nossas limitações, vemos um motivo plausível de orgulho. Ainda mais que a limitação seja nos dada pela natureza humana que todos temos. Se alguma coisa, entretanto, nos parece falha, justificamos a falha e mantemos o orgulho. Por livre escolha.

Ninguém precisa se sentir pequeno, pouco ou diminuído para aprender humildade. Mas o orgulho, quando fora de lugar, traz incontáveis males: “Quem não se livra de suas preocupações? Aquele que busca o que não está a seu alcance”. Em contrapartida, o humilde está sempre livre de preocupações, assim ocupa sua mente e seu tempo de modo muito mais proveitoso.

quinta-feira, 14 de abril de 2005

Paquera na net! Oba!

Paquerar na internet pode parecer divertido! A gente se ri das investidas que nos fazem, a gente se gaba dos sonhos que provocamos. A gente consegue achar graça das palavras de sedução, aquela sedução pelo riso. Riso fácil, de egocentrismo.

As expectativas das pessoas nos fazem sentir tão cheios de charme, as expectativas das pessoas nos fazem parecer mais sedutores do que realmente somos e todo esse glamour destas emoções nos transporta para uma alegria impar, a alegria de ser quem pensam que somos, ou de sermos mais que nos acreditamos.

Paquera ao vivo também é bom. Parece menos agressiva e mais impetuosa. A resposta nos olhares indica o caminho a ser seguido, ou o momento de parar. Mas não consegue ser tão intensa quanto a paquera da internet.

Alguns, que se sentem especialistas neste assunto, dizem que o motivo de tanta intensidade é o fato de não vermos os defeitos do outro. Outros porque por internet só é possível observarmos carinho. E carinhos sinceros interessam.

Como alguém pode testar a sinceridade de quem está, de modo quase narciso, refletindo sobre si mesmo o objeto da admiração? Carinhos sinceros interessam, quando se pode observar o carinho ou a sinceridade?

De qualquer modo, a intensidade destes afetos pode ser medida pela expectativa que cria. A expectativa pode ser avaliada pelo desgaste que causa. Nenhuma diversão é gratuita. O preço pode estar embutido na sua atividade, quanto mais for capaz de agir, e no seu desgaste, quanto mais for capaz de se retrair, se tolher.

O homem é sempre sujeito à causa e efeito. Paquerar na internet pode parecer divertido. Toda diversão tem preço, que nem sempre é medido pela moeda...

terça-feira, 5 de abril de 2005

Ritos

...“em todos os lugares (todos mesmo) sempre tive o mesmo prazer e liberdade”. Certa vez um amigo me descreveu assim o seu trabalho. Porque, consciente de si mesmo, ele tem um propósito para o seu trabalho, para sua vida, para seus atos. Não é igual a ter um intento, uma razão ou uma causa. De fato, é ter consciência de seu papel no universo que dá ao homem um sentido de propósito.

As roupas, as datas, os títulos, as imagens que cada um busca expor, podem servir de referência e muitos entendem como o único testemunho que tem de si mesmo.

Temos muitos ritos de passagem na vida. Toda vez que mudamos nosso status social. Quando passamos a ser chamados de adultos, quando concluímos um estudo, quando recebemos um título, quando mudamos nosso estado civil, quando nos tornamos pais ou quando enterramos nossos mortos. Para todas estas passagens, temos um rito.

Quando fazemos promessas a nós mesmos, fazemos cobranças de nós mesmos, damos testemunhos de nós mesmos, nos frustramos e condenamos a nós mesmos ou nos enchemos de orgulho arrogante, nos transformando em ídolos diante de nós mesmos. Deveria existir uma regra ou uma lei, nos proibindo de fazer promessas ou anulando todas as promessas que fizemos, ao menos um dia por ano. Chamaria este dia de dia do perdão!

Poderíamos ensinar a cada um, um modo de observar o mundo. Faríamos de cada um, com isso, um ajudante do mundo. Seríamos todos alunos e mestres, ao mesmo tempo. Amaríamos as diferenças que trazemos e encontraríamos a única semelhança que temos que preservar: somos moradores do mesmo mundo!

Preparar as pessoas para lidar com suas diferenças é tarefa para alta empatia. Acredito, honestamente, no aprendizado empírico, para alcançar esta empatia.