Nem esquecer, nem lembrar. Não o tempo todo!
Lembrar seletivamente do que deve ser lembrado. Esquecer na mesma medida. Ato mecânico, sistematizável. Sem nenhuma luta. Sem nenhum conflito interior.
Apenas tomar nota, contar aos filhos, a quem queira ouvir. Fazer registros, para que sejam memoráveis. Que sejam memoráveis, mas nunca pela aflição daquilo a que se lembra.
Basta-nos saber como as coisas são, como ocorrem, como ocorreram. Os porquês são interpretativos.
Sabemos de movimentos políticos, movimentos civis, de inúmeras ideologias, de valores religiosos, de civilizações que já não imperam. Sabemos porque e como são ou foram.
Sabemos de países pobres, que justamente por sua pobreza, não possuem informação e por não possuírem informação, produzem mortos.
Sabemos que a capacidade imaginativa é deleite a quem sofre e que um corpo é sensível. Tem suas carências. Qualquer elemento que falte ao corpo proporciona sofrimento.
Esquecer é bom, para que haja espaço para que se incluam novas lembranças. E isso deveria ser cíclico. Nunca remédio para sofrimento. Será que se alguém sente fome, esquecendo-se do alimento, a sua fome passa? Então, porque esquecer situações que na verdade são memoráveis? Situações de ditaduras, genocídios, terrorismos, tragédias, epidemias e escravidão, para serem lembradas para sempre. Mas esquecendo o porquê e lembrando o “como”.
De que adianta um país alfabetizado, se poucos entendem para que serve escrever ou ler, se poucos sabem o que deve ou não ser registrado?
Enquanto isso, a vida continua com sua rotina. A política continua como é, a ciência segue como pode, e aqui por perto, alguém comenta que a mega sena está acumulada, outro diz que a novela está despudorada, alguém mais reclama da falta de qualidade das músicas tocadas em rádio...
Um comentário:
“Podes fugir dos outros, mas não de ti mesmo”.
Sêneca
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