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quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Prisões e presidiários

Quando se aborda o sistema penitenciário brasileiro, imediatamente vem a idéia dos presidiários, de seus crimes e do preconceito da sociedade sobre os ex-detentos. As abordagens surgem a partir da idéia que, já consumado o crime e sua pena, restam soluções para o nível de tratamento a ser recebido pelo homem ou mulher que fora praticante do ato criminoso.

A idéia de “punição” como ato de vingança, mais que como medida de reeducação é o que vem norteando a sociedade, de modo generalizado, e isso diminui em muito a possibilidade de uma educação para o convívio social, talvez mesmo descartando a possibilidade de ressocialização.

Toda sociedade possui um código de convívio, toda a sociedade possui um conjunto de regras que são aceitas e toda pessoa tem o seu papel social, sejam elas conscientes ou não das regras que existirem em seu grupo de convivência. Aqueles que ferem as normas são os marginalizados. Os que agridem a sociedade, com seus intuitos destrutivos, são os criminosos, cientes ou não das leis. Para muitos destes acontece um julgamento capaz de determinar suas penas de reclusão ou prisão, que são cumpridas de acordo com a disponibilidade de vagas no sistema carcerário, não exatamente por cumprimento à sentença.

Todos nós influenciamos as pessoas com quem convivemos. Inclusive os criminosos com seus pensamentos rudes, com seus atos, muitas vezes, cruéis, amorais e destrutivos. Remover um indivíduo assim do meio social poderá servir para que seja evitada a contaminação das pessoas de bem, com este tipo de linha de pensamento praticado pelo indivíduo marginal. Talvez, esse isolamento pudesse ser por um período previsto pelo tipo de crime e seu efeito na sociedade.

Talvez haja a necessidade do tratamento e apoio psicológico ao servidor público que convive com pessoas desta linha de pensamento e que sua convivência seja mínima, tanto em jornada diária, quanto em tempo de trabalho total, antes que este convívio possa afetar ao servidor do Estado, naquilo que este servidor toma como rotina. Assim, quem sabe, o servidor pudesse ser o “educador” daqueles que não conheceram ou não acreditaram no bem viver, no conviver construtivo, no “bem estar social”.

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Não quero esquecer!

Nem esquecer, nem lembrar. Não o tempo todo!
Lembrar seletivamente do que deve ser lembrado. Esquecer na mesma medida. Ato mecânico, sistematizável. Sem nenhuma luta. Sem nenhum conflito interior.
Apenas tomar nota, contar aos filhos, a quem queira ouvir. Fazer registros, para que sejam memoráveis.
Que sejam memoráveis, mas nunca pela aflição daquilo a que se lembra.
Basta-nos saber como as coisas são, como ocorrem, como ocorreram. Os porquês são interpretativos.

Sabemos de movimentos políticos, movimentos civis, de inúmeras ideologias, de valores religiosos, de civilizações que já não imperam. Sabemos porque e como são ou foram.


Sabemos de países pobres, que justamente por sua pobreza, não possuem informação e por não possuírem informação, produzem mortos.

Sabemos que a capacidade imaginativa é deleite a quem sofre e que um corpo é sensível. Tem suas carências. Qualquer elemento que falte ao corpo proporciona sofrimento.

Esquecer é bom, para que haja espaço para que se incluam novas lembranças. E isso deveria ser cíclico. Nunca remédio para sofrimento. Será que se alguém sente fome, esquecendo-se do alimento, a sua fome passa? Então, porque esquecer situações que na verdade são memoráveis? Situações de ditaduras, genocídios, terrorismos, tragédias, epidemias e escravidão, para serem lembradas para sempre. Mas esquecendo o porquê e lembrando o “como”.

De que adianta um país alfabetizado, se poucos entendem para que serve escrever ou ler, se poucos sabem o que deve ou não ser registrado?

Enquanto isso, a vida continua com sua rotina. A política continua como é, a ciência segue como pode, e aqui por perto, alguém comenta que a mega sena está acumulada, outro diz que a novela está despudorada, alguém mais reclama da falta de qualidade das músicas tocadas em rádio...

sexta-feira, 1 de julho de 2005

e se não houvesse governo?

Ainda não nos sentimos governados pelos governantes. Como se, a cada governo, cada cidadão estivesse mais esbulhado ou menos cidadão. Como se a cada eleição fosse constatada uma fraude e a cada fraude uma conspiração.

Os fatos que se tornam públicos, se tornam públicos pelos consultores de sociedade, por aqueles que colocam suas opiniões sobre e ante os fatos, apoiados pela popularidade do “disse me disse”, “quem falou é confiável” e outros chavões que justificam a ausência de prova ou a negação de provas. Neste caso, justiça é abstrair a justeza.

Outro chavão explorado para a manutenção deste sentimento, é sobre o encontro do homem com o poder que lhe venha a ser conferido “foi tomado pela ambição”...

A ambição faz bem. Afinal a ambição é um desejo imenso, ardente, de alcançar algo que nos seja superior, uma aspiração. Da ambição pode nascer a vontade e da vontade, a disposição. Facilmente confundida com a avareza, traço inconfundível de egoísmo, a ambição tem sido tratada como sentimento negativo e se assim fosse possível, alguns chegam a sugerir que o sentimento de “ambição” seja amputado do emocional humano.


Somente a ignorância pode manter esta situação. O único problema é que a ignorância torna o homem muito semelhante aos animais. A ignorância torna o homem mais instintivo, como um recém nascido. O recém nascido, o neném, a criancinha, sabe que seus desejos, só por terem sido desejados, serão atendidos. E sabem que seu choro ou seus gritos será suficiente para que toda a situação seja mudada, ficando em conformidade com o que lhe aprouver. Agindo por instinto, excluí-se a ética, a moral e adota-se a lei do “mais forte” ou a do “quem pode mais chora menos”...

E independente do que sentimos, estamos sendo governados.

terça-feira, 19 de abril de 2005

Orgulho

Algumas vezes, nos orgulhamos. Pelo que fazemos, pelo que julgamos ser, pelo que julgamos ter. Até quando falamos. Um orgulho simplista de quem tem algo de inédito a dizer sobre algum fato, sobre algum dito de alguém.

Assim, tanto maior a importância do fato, ou daquele que proferiu o dito, maior parece ser o orgulho que sentimos.

Claro que quando superamos nossas limitações, vemos um motivo plausível de orgulho. Ainda mais que a limitação seja nos dada pela natureza humana que todos temos. Se alguma coisa, entretanto, nos parece falha, justificamos a falha e mantemos o orgulho. Por livre escolha.

Ninguém precisa se sentir pequeno, pouco ou diminuído para aprender humildade. Mas o orgulho, quando fora de lugar, traz incontáveis males: “Quem não se livra de suas preocupações? Aquele que busca o que não está a seu alcance”. Em contrapartida, o humilde está sempre livre de preocupações, assim ocupa sua mente e seu tempo de modo muito mais proveitoso.

quinta-feira, 14 de abril de 2005

Paquera na net! Oba!

Paquerar na internet pode parecer divertido! A gente se ri das investidas que nos fazem, a gente se gaba dos sonhos que provocamos. A gente consegue achar graça das palavras de sedução, aquela sedução pelo riso. Riso fácil, de egocentrismo.

As expectativas das pessoas nos fazem sentir tão cheios de charme, as expectativas das pessoas nos fazem parecer mais sedutores do que realmente somos e todo esse glamour destas emoções nos transporta para uma alegria impar, a alegria de ser quem pensam que somos, ou de sermos mais que nos acreditamos.

Paquera ao vivo também é bom. Parece menos agressiva e mais impetuosa. A resposta nos olhares indica o caminho a ser seguido, ou o momento de parar. Mas não consegue ser tão intensa quanto a paquera da internet.

Alguns, que se sentem especialistas neste assunto, dizem que o motivo de tanta intensidade é o fato de não vermos os defeitos do outro. Outros porque por internet só é possível observarmos carinho. E carinhos sinceros interessam.

Como alguém pode testar a sinceridade de quem está, de modo quase narciso, refletindo sobre si mesmo o objeto da admiração? Carinhos sinceros interessam, quando se pode observar o carinho ou a sinceridade?

De qualquer modo, a intensidade destes afetos pode ser medida pela expectativa que cria. A expectativa pode ser avaliada pelo desgaste que causa. Nenhuma diversão é gratuita. O preço pode estar embutido na sua atividade, quanto mais for capaz de agir, e no seu desgaste, quanto mais for capaz de se retrair, se tolher.

O homem é sempre sujeito à causa e efeito. Paquerar na internet pode parecer divertido. Toda diversão tem preço, que nem sempre é medido pela moeda...

terça-feira, 5 de abril de 2005

Ritos

...“em todos os lugares (todos mesmo) sempre tive o mesmo prazer e liberdade”. Certa vez um amigo me descreveu assim o seu trabalho. Porque, consciente de si mesmo, ele tem um propósito para o seu trabalho, para sua vida, para seus atos. Não é igual a ter um intento, uma razão ou uma causa. De fato, é ter consciência de seu papel no universo que dá ao homem um sentido de propósito.

As roupas, as datas, os títulos, as imagens que cada um busca expor, podem servir de referência e muitos entendem como o único testemunho que tem de si mesmo.

Temos muitos ritos de passagem na vida. Toda vez que mudamos nosso status social. Quando passamos a ser chamados de adultos, quando concluímos um estudo, quando recebemos um título, quando mudamos nosso estado civil, quando nos tornamos pais ou quando enterramos nossos mortos. Para todas estas passagens, temos um rito.

Quando fazemos promessas a nós mesmos, fazemos cobranças de nós mesmos, damos testemunhos de nós mesmos, nos frustramos e condenamos a nós mesmos ou nos enchemos de orgulho arrogante, nos transformando em ídolos diante de nós mesmos. Deveria existir uma regra ou uma lei, nos proibindo de fazer promessas ou anulando todas as promessas que fizemos, ao menos um dia por ano. Chamaria este dia de dia do perdão!

Poderíamos ensinar a cada um, um modo de observar o mundo. Faríamos de cada um, com isso, um ajudante do mundo. Seríamos todos alunos e mestres, ao mesmo tempo. Amaríamos as diferenças que trazemos e encontraríamos a única semelhança que temos que preservar: somos moradores do mesmo mundo!

Preparar as pessoas para lidar com suas diferenças é tarefa para alta empatia. Acredito, honestamente, no aprendizado empírico, para alcançar esta empatia.

quinta-feira, 31 de março de 2005

Aceitação

Aceitar implica em receber.
Pode parecer simples, mas para receber algo, é necessário admitir o desejo da posse, acolher aquilo que está sendo oferecido, ver-se no direito sobre a propriedade do que vem a ser doado, seja tangível ou não.


Implica em você reconhecer-se na falta do que lhe for ofertado, o que faz com que se confunda o “precisar daquilo”, com sentir-se “menos” pela sua falta. Ou, pelo caminho oposto, pode ser seletivo, e fazer com que se alimente o próprio ego.

Aceitar poder fazer com que a pessoa pense que sempre deva receber o que não lhe pertence, acumulando em si mesma tudo que sua imaginação estimulada queira. O outro lado afirma à pessoa, que ela tem direitos e poderes, e cria o egoísta que tudo quer aceitar, receber, tomar. Desde um objeto, até a atenção plena. Do presente de aniversário, às horas de conversa fútil.

Verdade que existem pessoas a quem podemos e devemos ajudar. Verdade também, que qualquer pessoa que receba ajuda sente-se, por muitas vezes, mal em recebê-la. Como sair deste impasse? Oferecendo como quem recebe o favor desta oportunidade e com o zelo de não deixar que este sentimento se torne em palavras, o que certamente seria ofensivo.


Aceitação sadia é aquela que se faz com as diferentes criaturas do mundo. Justamente por saber que as diferenças existem é que o mundo pôde ser chamado de “bom”. A partir do momento em que a pessoa tenta, por toda sorte, assemelhar o caráter de outra criatura, como uma linha de produção em uma fábrica, o mundo interior desta pessoa deixa de ser bom. Mas esta aceitação sadia a que me refiro, comumente é chamada por outro nome. Esta é chamada de amor.

terça-feira, 29 de março de 2005

Resposta para um amigo

O que é país democrático? Aquele que convive harmoniosamente com todas as pessoas! Não é a comunidade inteira, todo o país vivendo sem pobreza, quem dita o que vem a ser democrático. Mas, evidentemente, uns poucos com muito e muitos na miséria, denuncia algo, no mínimo, mal feito com a nossa capacidade produtiva!

Caso a propriedade privada gerasse produção sem ser punida com taxas, impostos e tarifas excessivas, e se o sistema público obtivesse seus meios de sustento sem arrochar sua clientela, aí sim, teríamos uma distribuição de renda diferenciada. Mas o poder público gera ambições divergentes daqueles que lhes fizeram poderosos. Fato histórico ocorrido no golpe da República? Será que o ideal de República investiu corretamente na democracia ou tivemos vários “Reis” eleitos democraticamente com uso de manipulação da mídia?

Quantas vezes, desde o fim da ditadura militar, tivemos vários candidatos e a manipulação da mídia apontou apenas dois? Caso para se pensar!

Dessa mesma manipulação, nasceram os tais preconceitos. Para que seja possível formar opinião e dela obter apoio, a sociedade precisa ter valores estabelecidos, fortemente. A primeira atitude de manipulação consiste em mudar tais valores, preconcebendo opiniões a partir desta mudança. Por exemplo: nossos heróis. Seriam mesmo heróis ou seria uma mentira contada tantas vezes que se tornaram verdades?

O que tem acontecido com alguns de nossos jornalistas? Apresentam o fato, pura e simplesmente ou remetem alguma opinião, quando fazem seus relatos? Isto existe desde a época bíblica, quando dez espiões verificaram a terra prometida e voltaram anunciando que seriam derrotados, pois blá, blá e blá...e assim, deram as notícias pedidas sobre como era a terra de Canaã e quais os frutos produzidos. Apenas, começaram seus relatos contando suas opiniões, sobrepondo suas opiniões aos fatos.

E o Brasil trouxe seus negros da África! Sim, com a promessa de boas novas de um novo reino, reis e suas cortes africanas embarcaram para o Brasil, esperançosos de realizarem bons negócios. Mas qual! Eram golpistas, estelionatários que articularam o suficiente para encher navios de homens desarmados! No meio da viagem, surpresos, descobriam que eram escravos. Aí, a Inês já era morta!

Depois, trazer famílias, como até hoje se vê acontecendo no Pará, ou Goiás, e transforma-los todos em escravos, ficou bem mais fácil!

O nazismo também contribuiu muito! Claro!!! Que sistema poderia ser melhor para fazer separação entre os de “boa raça” e a “sub-raça”? Começariam por onde? Que tal os assassinos de Cristo, os homossexuais e os homicidas potenciais? Vamos, gente, divulguem o quanto essa sub-raça é nefasta à humanidade! Ah...Qual que é? A guerra acabou. Em 1945 acabou junto, o sentimento nazista! Já não existem pessoas que pensam assim! É? Será?

Mulheres são ruins de volante, loiras...hunf! Gaúcho, de Pelotas, ai...ui...e tudo isso fica tão engraçado contar! Realmente! O humor é feito da quebra de valores, quase sempre associado à sexualidade e ao sagrado.

As capacidades humanas ficam pouco valorizadas, quando ocorre a implantação de um sistema explorador. Então disseminar o ódio faz parte do sistema explorador. O Brasil nunca teve problemas raciais! Somos um povo onde nos misturamos em raças, credo e ideologias políticas! Mas o sistema explorador lança suas sementes. Assim como na África do Sul não foi difícil, devido à situação miserável de sua população, parecer beneficiar alguns poucos negros com algum sub-emprego de status mais "elevado”, e com isso dividir negros entre negros, até mesmo a lei no nosso país, parece existir para beneficiar alguns com a sua negação. Então cria-se o ditado: “só pobre vai pra cadeia”. Assim começa a divisão entre empresários e empregados, ricos e pobres. Foi pouco? Então dividiremos entre pobres e pobres. Pobres negros e pobres brancos!Pobre de nós, que assistimos a manipulação de nossos valores essenciais para benefício de poucos!